domingo, 22 de fevereiro de 2015

Estar perto não é estar próximo.




Estar perto não é estar próximo.

Com o tempo descobrimos que a distância não diminui a importância das pessoas em nossas vidas, pelo contrário, às vezes aumenta.

E que quando estamos ao lado de alguém não percebemos que estar próximo não significa estar ao lado fisicamente.

E que podemos estar perto mesmo estando bem distante.

E que proximidade tem mais a ver com sentimento do que distância física.

E que quando nos afastamos é que conseguimos enxergar que a distância emocional é muito pior que a distancia física.

E descobrimos que podemos estar ao lado e bem distante, como podemos estar longe e bem próximo.

E que muitas vezes a distância física só aumenta a vontade de estarmos ao lado de quem apesar da distância está muito mais próximo do que gostaríamos.

E que a distância física é fácil de resolver, mas a emocional pode-se não resolver nunca!

E que maturidade tem muito mais a ver com experiências vividas do que com tempo de vida.

E que não se pode medir a importância das pessoas em nossas vidas pelo tempo de convivência ou pelo espaço físico que nos une ou nos separa delas, mas sim pelo espaço emocional que elas ocupam em nosso coração.

Brasília, 08 de janeiro de 2015.


Sylvana Machado Ribeiro. 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A Ilusão do Coração Partido


A Ilusão do Coração Partido

Hoje pensei em escrever algo sobre corações partidos. Porque eles se partem tanto e por quais motivos? E por que procuramos saber sempre o porquê ou por quem, se a tristeza é sempre igual: profunda e infinita? E por que achamos que o nosso sofrimento é sempre maior que o dos outros?

Sempre achei que o que diferencia as pessoas é a capacidade que elas têm de parar de chorar. Sim, por que motivo para chorar todos têm. Porque quando nosso coração é partido por alguém dói tanto que achamos que nunca vamos nos recuperar. Mas, a boa notícia é que sempre nos recuperamos.


E quanto mais cedo nos recuperarmos melhor para nós. Nada é para sempre e nenhum sofrimento é maior que o outro. Todo sofrimento é igual. O que diferencia um sofrimento do outro é seu titular. Quando o sofrimento é nosso tendemos a achar que o nosso é maior que o dos outros. Engano nosso: a única diferença é que o nosso podemos controlar, o dos outros não.

Uma vez eu estava sofrendo muito e não sabia como resolver um problema e fui conversar com uma prima muito querida e amiga, achando que ela iria resolver meu problema para mim. E ela me consolou, me orientou e me deu o melhor conselho que eu já ouvi até hoje na vida. Ela disse: ninguém vem te salvar! Você vai ter que fazer isso sozinha! Foi o melhor conselho que eu ouvi de alguém até hoje! E eu nunca me esqueci desse valioso conselho. E ela realmente tem razão, pois, nunca na minha vida, até hoje, alguém veio me salvar. E eu continuo vivendo, sem a ajuda de ninguém, e bem!     

Existe um filme que se chama “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” que conta a história de uma moça que termina o namoro e que procura um psicólogo que tem o poder de fazer apagar a pessoa amada da memória para sempre. É um filme de ficção que fala muito sobre como as pessoas deveriam agir para esquecer o amor do passado. Mas que na verdade ele mostra como as pessoas ainda acreditam na magia do amor. No final do filme a moça que não se lembrava do ex-namorado  acaba se envolvendo com ele de novo, por causa da memória afetiva que não foi apagada. Em outras palavras, ela se envolve de novo com o mesmo namorado, sem saber que o conhecia, por que ela tinha os mesmos padrões psicológicos no seu subconsciente. E o que era ficção se torna realidade. Por que na vida é assim: a gente sempre comete os mesmos erros e sempre procura o mesmo tipo de pessoas para se relacionar. Então, se é assim significa que não adianta chorar o amor perdido, por que ele vai se repetir com outra pessoa.

Então, não chore por muito tempo não por que, mais cedo ou mais tarde, você vai achar outro amor igualzinho. E a ficção se torna realidade!      

E essa repetição de padrão é muito romântica no filme, por que na realidade é uma burrice das grandes! Pois, se o padrão que se repete só causa sofrimento, então devemos mudar o padrão e corrigir os erros a fim de evoluirmos. E insistir no mesmo erro, na vida real, é pura perda de tempo! E o tempo urge meu amigo. Não temos tempo suficiente de repetir os mesmos erros... precisamos mudar.

E a mudança é muito difícil. Dá trabalho, causa stress, solidão, novas atitudes, coragem e o mais difícil: determinação. Precisamos ter mais determinação quando se fala em mudança. Ou seja, precisamos ter atitude. Querer mudar é fundamental e ter coragem é mais ainda. Não podemos ter novos resultados se não mudamos de atitude!

Por último, aqui vão dois conselhos para aqueles que acham que o seu sofrimento é maior que o dos outros e que não acaba nunca: ninguém vem te salvar e, quanto mais rápido você parar de chorar e começar a mudar, melhor! Por que viver é a arte de se recuperar das quedas e descobrir novas alternativas. Então, pare de chorar e faça alguma coisa útil, não para você, mas para aquele que está sofrendo mais que você. Por que sempre tem alguém sofrendo mais que você, basta olhar para os lados, para descobrir quem.  

Sylvana Machado Ribeiro.


Não sou um monstro, só não gosto de crianças.




Não gosto de criança, mas isso não me torna pior que os outros e muito menos um monstro. Mas verbalizar isso às vezes choca as pessoas, e o que é pior, te faz sentir o último dos seres humanos.

Você não gosta de criança?! Isso parece ser um crime contra a humanidade. Seria pior do que dizer que não gosto de carnaval, que, aliás, também não gosto. Mas isso não me faz ser péssima e sim um adulto de bom gosto apesar de um pouco desanimado. Já, não gostar de criança, e ainda verbalizar isso, te faz parecer um monstro. 

Estávamos na chácara de uma tia em comum para descansar e passar os dias do feriado de carnaval. Éramos doze adultos todos bem maduros e apenas uma criança de sete anos entre nós. O fato de não gostarmos de carnaval fez com que fôssemos nos encontrar para descansar e nos divertirmos um pouco fazendo outras coisas como ler, conversar, escutar música, tomar sol, banho de piscina, jogar conversa fora, enfim, cada um tinha a liberdade de fazer o que quisesse que não fosse trocar fraldas ou cuidar de crianças. Enfim, um final de semana bem divertido, pelo menos para nós. E sem maiores obrigações. Também tinha a turma dos que cozinham e dos que bebem, é claro. 

Eu até que para quem não gosta de criança fui uma tia- madrinha-babá por 17 anos bem participativa. É que tenho dois sobrinhos que adoro e sempre fui muito presente na vida deles. Para eles já fiz de tudo mesmo: de levar e buscar na escola, ajudar com os deveres de casa, ir a festas e ficar de olho como babá, jogar, nadar, assistir filmes e colocar pra dormir, dentre outras coisas. E não me arrependo de nada. Até por que eles são meu tesouro! Não tenho filhos, mas me realizei como tia e madrinha. E eles por sua vez sempre foram crianças nota dez! Sempre obedientes e educados. Nunca me deram o menor trabalho. Sou muito orgulhosa deles. Acho que fiz minha parte e já ajudei a criar os dois que agora são adolescentes. E por durante 17 anos sempre passei o feriado do carnaval com eles.

Mas dessa vez não. Pela primeira vez em 17 anos fui passar meu carnaval longe deles e com meus primos queridos. Estava super feliz e animada. E eu não bebo! Então, era um domingo de carnaval, e eu e mais duas primas resolvemos tomar banho de piscina enquanto esperávamos o almoço que o marido de uma delas estava fazendo para nós. Fazia uns dez anos que eu não ia pra fazenda e estava muito feliz e animada. Encontrar meus primos para mim é sempre uma festa. Nada podia dar errado. Daí pegamos uma caipirinha de vodca, um caldinho de feijão, e fomos pra piscina jogar conversa fora. 


Passado alguns minutos chega uma turma de outros primos com alguns amigos e seus respectivos filhos, todos menores de oito anos, e foram fazer um churrasco à beira da piscina. Até aí tudo bem... Mas, piscina, bebida, churrasco e criança são coisas que não se misturam. Pelo menos não pra mim por que eu não tenho filhos, não sou babá, e não gosto de criança! Mas, tem gente que acha que pode colocar o filho no mundo, que todo mundo tem a obrigação de ajudar a olhar! Não sei onde isso está escrito, mas no meu manual de etiqueta, cada um que olhe o seu. Colocou no mundo, então toma conta, certo? Errado: tem gente que acha que a humanidade é obrigada a gostar de criança e tomar conta das suas! Oh, gentinha folgada! E depois eu é que sou sem educação! Eu posso até ser muito sincera, ou talvez franca demais, mas não sou sem noção como esses pais que acham que todos têm que tomar conta de seus filhos! 

Bem, daí é claro que nesse contexto aconteceu o que eu estava esperando: um pai com um bebê de menos de um ano aproximou-se de nós e sem nenhum constrangimento perguntou: quem quer ficar com a pequena na piscina? Eu sem o menor pudor logo respondi: - olha, acho melhor não por que eu não gosto de criança! Na mesma hora minhas duas primas que já tinham comentado comigo que também não estavam dispostas a olhar crianças na piscina quase se afundaram de vergonha com a minha resposta. Foi um constrangimento geral. 

Agora eu me pergunto: é melhor ser sincera ou fingir e dar uma de boa moça e tomar conta da criança dos outros sem estar nem um pouco a fim? Sei não, acho que a humanidade não está preparada para receber não. Ou talvez para usar de sinceridade. Mas eu não. Se eu não gosto de criança não vou fingir e cuidar de criança dos outros pra eles terem uma “folguinha” no feriado e curtir um churrasquinho e uma “birita” por conta dos meus serviços de babá! Se eu gostasse de criança seria babá ou teria tido filhos! Então... a humanidade é que precisa aprender muito ainda. E não vai ser eu que vou ensinar. 

Enfim, não é que eu não goste de criança, na verdade não gosto mesmo é de pais folgados! E as crianças não têm culpa disso. Simples assim!


Sylvana Machado Ribeiro.