segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Crônica de Natal: O Presente do Lixeiro.


Hoje de manhã encontrei na pia da cozinha quatro caixas de bombom com o seguinte bilhete: “não abra é para os lixeiros”. À tarde recebi uma cliente, que veio de surpresa, me trazer um presente de Natal. Fiquei muito feliz! Daí pensei: é Natal e as pessoas querem presentear umas as outras. E isso é muito bonito. Mas qual a diferença entre o presente que recebi e o presente do lixeiro se todos são presentes de Natal?

Toda, por que, geralmente, as pessoas se lembram de presentear seu advogado ou seu médico, mas pouquíssimas se lembram de presentear seu lixeiro! E isso minha mãe sempre me ensinou: a me preocupar com os esquecidos. E quem são os esquecidos? São aqueles que nos servem o ano todo e que ninguém se lembra deles. Talvez por serem invisíveis à sociedade que não valoriza o trabalho deles, embora seja tão importante quanto o do advogado, o do engenheiro, o do médico ou o do professor.

Os esquecidos são o lixeiro, o carteiro, o jardineiro, o lavador de carro, e tantos outros... Enfim, são pessoas que fazem parte de nossa vida, mas que não damos a atenção e o valor necessário durante o ano, mas que, pelo menos, no Natal, podemos nos lembrar deles.

No livro de crônicas “As mães que mudaram o mundo”, o autor, Billy Graham, conta histórias reais de mães de pessoas famosas ou desconhecidas que com pequenos detalhes em sua criação fizeram a diferença na vida deles e de toda a sociedade. 

A minha mãe sempre me ensinou a me preocupar com as pessoas invisíveis e a tratá-las com respeito e atenção. Por que fazer alguém feliz com uma simples caixa de bombom, pode não significar nada para você, mas para muita gente pode ser a única alegria no Natal. Aliás, essa é a diferença entre o presente que recebi de minha cliente e o presente do lixeiro: ambos foram dados com amor, mas o do lixeiro tem um significado especial! Feliz Natal!


Sylvana Machado Ribeiro. 

sábado, 7 de novembro de 2015

Wanda Machado de Sá




W anda é mãe, advogada, amiga e guerreira,
A  juda a  todos com amor, garra e determinação! 
N  ada a impede de realizar seus sonhos, 
D  eus a fez corajosa, sensata e lutadora,
A  fim de demonstrar-lhe Seu Amor infinito!

M adrinha querida, filha amada, irmã amiga.
A  sua vida dedicou aos filhos, netos e Getúlio,
C  om muita sabedoria e amor à sua família.
H  oje prestamos nossa homenagem,
A  mando-a com sinceridade,
D  amos glória ao Nosso Senhor Jesus Cristo,
O rando e agradecendo por sua vida!

D edicamos a você,
E sse poema de amor.

S empre ao seu lado,
A mando-a, eternamente. 

Sylvana Machado Ribeiro.


Goiânia, 07 de novembro de 2015.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Amar sem pecado



Amar sem pecar,
É amar sem esperar,
As tristezas do falso amar.

Sentindo o muito amar,
Na esperança de mais amar,
Sem medo do mal amar.

Sabendo que o querer amar,
Supera a falta de amor,
Daquele que deixou de amar...

Amar é ter amor pra dar,
Sem regras ou limites,
Sem medo de pecar,
Com a alegria do muito amar.

Sylvana Machado Ribeiro.


28/05/15

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Jujuba, nós não vamos te esquecer.

“Mesmo quando tudo parecer desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri , no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.” 
Cora Coralina.



Ludmilla, a minha afilhada, sempre foi uma criança muito amada e se tornou uma pessoa muito especial em nossas vidas. Ela já tinha uns 10 anos e eu ainda a carregava no colo. E eu adorava fazer isso. É que quando eu chegava a sua casa, ela vinha correndo me receber, com um sorriso lindo no rosto, e pulava no meu colo. E eu lhe abraçava bem forte, levantando-a do chão e segurando-a no colo. Daí ela falava: -Dedei, você é a única que me carrega até hoje! E eu lhe respondia: - meu amor eu vou te carregar sempre.

E carrego até hoje. E vou carregar sempre, só que no meu coração! Ludy, eu queria ter o poder de carregá-la e livrá-la de todas as tristezas e sofrimentos que a vida lhe trouxer, mas não tenho esse poder. Aliás, Ludy, infelizmente, ninguém tem. Mas nós temos, Ludy, o poder de superar as tristezas e continuar a caminhada com fé e determinação. Por que por mais abençoados que sejamos, as perdas fazem parte da vida e são inevitáveis. O quanto antes você aprender isso, melhor para você, minha querida.   

Ludy e seu irmão, Leandro, sempre foram muito amigos. Uma benção em nossas vidas. Mas, mesmo com todas as bênçãos divinas, não estamos isentos de passar por situações difíceis na vida que eu chamaria de perdas necessárias. E foi o que aconteceu quando eles perderam uma cachorrinha muito querida: a Jujuba.

Eles tinham acabado de dar banho na cachorrinha e como ela era muito sapeca, prenderam-na na coleira para secar. Passado uma meia hora, quando foram soltá-la da coleira,  ela estava morta! Foi um choque! Eles pensaram que ela tinha se enforcado. Mas, na verdade, ela morreu de infarto fulminante. É que ela tinha um problema congênito no coração. Ainda bem, por que pior do que a perda da morte, seria eles se sentirem culpados por ela. O que foi totalmente descartado, posteriormente, pelos exames feitos pela veterinária, que comprovaram que a causa da morte foi infarto e não enforcamento. 

Então, eu resolvi lhe escrever uma cartinha assim:

“Querida Ludy, às vezes coisas ruins acontecem conosco para que possamos enxergar o quanto somos amados por Deus. E esse amor de Deus nos é dado através das pessoas que Ele coloca em nossas vidas para nos ajudar nas horas difíceis. Não temos o poder de controlar e determinar o que vai nos acontecer, mas temos a sabedoria de distinguir o bem do mal, o certo do errado, a alegria da tristeza. E assim podemos escolher como vamos viver: se tristes pelo que perdemos ou alegres pelo que ainda temos. E ter o amor das pessoas que Deus colocou em nossas vidas, é a maior benção que se pode ter na vida.

Querida, eu sei que você está sofrendo pela perda de sua cachorrinha, e o Leandro também. Afinal, ela era sua companheira, sua amiga, sua filhinha. E a forma como tudo aconteceu foi muito traumático para vocês. Mas Deus é tão bom que através da veterinária, Ele te mostrou que a causa da morte foi um infarto fulminante, ou seja, vocês não tiveram nenhuma culpa pelo o que aconteceu. E isso é muito reconfortante, não é mesmo?

Veja como você é abençoada. Quantas pessoas estavam perto de você para te ajudar naquela hora. Eu, seus tios, seu avós, seu irmãozinho. E até seus pais que estavam viajando, voltaram no mesmo dia para te apoiar. Olha que benção ter uma família tão unida e especial em torno de você. Isso não é uma benção? Quantas pessoas tem o apoio total da família como você teve? Você já pensou nisso?  

Portanto, minha querida, não se deixe abater por muito tempo pela tristeza da perda. Pense em como você é abençoada e amada pela sua família. Veja como você tem pais maravilhosos que fazem tudo por você. E como o seu irmãozinho te admira e te ama. E como seus avós, seus tios e eu te amamos e torcemos por você. Enfim, você tem o bem mais precioso que alguém pode ter: uma família que te ama muito!

Agradeça a Deus por essa benção e aceite que na vida tudo passa e que o segredo de uma vida feliz é saber superar as tristezas e valorizar as alegrias sempre. Amar a Deus sob todas as coisas. Ter fé e acreditar que dias melhores virão.  

Com amor, sua Madrinha Dedei.”  

quarta-feira, 25 de março de 2015

Odeio Controle Remoto.


"E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?" Mafalda (personagem do cartunista argentino Quino) 





Odeio controle remoto! Essa frase poderia terminar aqui. Mas me sinto na obrigação de explicar o porquê de tanto ódio. Tenho até vergonha de repeti-la, mas é a pura verdade: odeio controle remoto!

Não sei por que, mas controle remoto não funciona comigo, nunca funcionou e acho que nunca vai funcionar.  E eu sempre tento usá-lo por que sou uma pessoa persistente e não desisto fácil. Mas mesmo com a esperança que dá próxima vez vai ser diferente, o fato é que comigo nunca é!

Primeiro porque todas as vezes que me deparo com uma televisão e o seu respectivo controle-remoto, sempre existem pelo menos três disponíveis.

Aí começa a luta: qual é o controle correto? Daí, quando descubro o certo e tento ligar o botão do “liga e desliga”, ele simplesmente não funciona. Às vezes, é por que a bateria está fraca, outras vezes é mau contato, e outras é por que peguei o controle errado.  Daí eu perco a paciência e desisto.

Às vezes acabo chamando alguém para me ajudar, mas nunca tem ninguém disponível. Resultado: o programa que eu queria assistir acaba e nunca assisto televisão quando quero, o que, aliás, não é uma perda tão grande assim.

Meu irmão costuma dizer que o problema é entre o controle e o usuário. E ele não deixa de ter razão. Mas não sou eu que não gosto de controle remoto, acho que são eles que não gostam de mim, já que eu faço tudo certo, mas eles se recusam a funcionar comigo!

Eu desconfio até que o fabricante coloca chips em todos os controles remotos fabricados com um código secreto que diz: não funcione na mão da Sylvana. Só pode ser. É a única explicação plausível, já que eu não sou burra, sou bem atualizada em tecnologias, uso computador, smartphone, whatzap, enfim, tenho até dois blogs na internet que eu alimento sozinha e nunca tive nenhum problema na utilização de tecnologias modernas, mas, quando pego um controle remoto eu fico louca! Por que será?

Acho que tive algum trauma de infância que resultou nessa incapacidade psicológica de usar controle remoto que eu chamaria de “controlofobia”, o que poderia significar medo de controle remoto!  Não sei se essa doença já foi detectada pelos cientistas, mas eu lhes asseguro que eu a tenho. Então, ela deve existir, só não foi descoberta ainda. Quem sabe até o final do século vão detectá-la e diagnosticá-la a tempo de me curar?

Se alguém tiver o mesmo problema ou conhecer alguém que tenha os mesmos sintomas que eu, por favor, me avisem. Estou pensando seriamente em formar um grupo dos portadores de controlofobia para trocarmos experiências. Quem sabe isso não ajuda a acelerar as descobertas? Alguém se prontifica a me ajudar?

Sylvana Machado Ribeiro.  


sábado, 21 de março de 2015

A linguagem da criança é o amor.

"Há muros que só a paciência derruba. E há pontes que só o carinho constrói" Cora Coralina.


                                
Não consigo entender a monetarização das relações familiares. Os adultos crescem, casam, têm filhos e se esquecem de o que é ser criança. Não tenho filhos, mas sou uma tia (madrinha) orgulhosa e presente! Desde que meus sobrinhos amados nasceram eu reaprendi a viver. E descobri que para entender as crianças é preciso entrar no mundo delas. Isso eu aprendi com eles. É preciso ser novamente criança. E no mundo da criança não existe dinheiro. Mas existe amor. A criança não entende a contabilidade da sobrevivência. O que ela entende é a linguagem do amor. E o amor que ela entende é tão somente o amor da atenção, da presença, da participação efetiva dos pais em sua vida. E no seu mundinho infantil ela não quer brinquedos caros ou artigos de luxos. Ela que amor.  Ela quer ser ouvida, quer aprender coisas novas, quer ter a certeza de que pode contar com você quando precisar. Ela quer simplesmente atenção!E se você não der sua atenção nas pequenas coisas do dia a dia de seu filho, você fracassará na sua missão de ser pai ou mãe. E não haverá dinheiro no mundo que pagará esse erro. Você não comprará a felicidade de seu filho se não lhe der atenção! Quem ama educa, mas educar não se resume a pagar colégios caros e roupas de grife! Para educar tem que participar todo dia, toda hora, dos pequenos acontecimentos, das pequenas vitórias e até dos fracassos. Não abandone seu filho por que você tem que ganhar mais dinheiro, pois esse é único erro imperdoável na criação dos filhos. E esse erro costuma cobrar um preço muito alto! Portanto, pare hoje e comece a dar mais atenção ao seu filho, antes que a conta chegue! E essa conta costuma chegar tarde demais, quando já não há mais tempo para pagar os juros... Pense nisso!


Sylvana Machado Ribeiro.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Ouvir é bem mais que escutar.

“Não podemos acrescentar dias à nossa vida, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias”
Cora Coralina



Ouvir é bem mais que escutar.

Algumas histórias vividas nos vêm à lembrança quando alguém nos conta. Outras ficam em nossa memória para sempre. E algumas se repetem ao longo da vida, em várias circunstâncias, que a gente nem imagina. Mas todas elas servem para nos ensinar alguma lição. E a vida, meu amigo, é feita de lições. Uns aprendem e outros nem se dão conta disso.

Há muito tempo li em um artigo científico que a gente escuta com a cabeça e não com os ouvidos. Tenho que admitir, nunca tinha pensado sobre isso, mas é a mais pura verdade. Vou tentar demonstrar isso contando três histórias que aconteceram comigo em ocasiões diversas. E em todas elas eu não ouvi com a cabeça e, por isso, não entendi nada o que escutava.

Na primeira eu tinha apenas quatro anos de idade e já convivia com “gringos”. Eram americanos, amigos de meu pai, que frequentavam a nossa casa. Alguns até se hospedavam conosco. E eu não entendia nada que eles falavam. Um dia estava eu a brincar no meu velocípede, no quintal de casa, quando avistei no portão um “gringo” chegando para nos visitar.  De longe eu percebi que se tratava de um americano, e logo comecei a falar enrolado, imitando-o.  Minha mãe ouvindo aquilo, olhou para o portão e viu que tínhamos visita estrangeira. Ela morreu de rir da minha percepção sobre a nacionalidade de nosso visitante.  

Mas, o mais engraçado, naquele dia, ocorreu na hora do almoço, quando nosso convidado me pediu para que eu lhe ensinasse português. Ele apontava para os talheres à mesa e me perguntava como se falava aquilo em português. Daí, eu cochichei para minha mãe e disse: - mãe eu vou ensinar português errado pra ele. Ele não vai entender nada mesmo.  Nesse dia eu aprendi que quando não sabemos nada sobre um assunto, tudo que nos for contado  a respeito vai parecer verdadeiro. Muito importante essa lição!

Já na adolescência, eu tinha 16 anos, e fui morar nos EUA com toda a minha família. Logo que cheguei à casa que alugamos, eu liguei a televisão para assistir ao jornal local. E surpresa: não entendi absolutamente nada! É que a velocidade da língua falada é muito rápida, e quem não está acostumado não consegue entender mesmo. Eu já sabia um pouco de inglês, pois sempre estudei em escolas particulares e, antes de nos mudar, fiz um curso de conversação e achava que estava preparada para entender qualquer coisa. Que ilusão! Não adianta saber inglês se o seu ouvido não está acostumado com a velocidade da língua. Só com o tempo que a gente vai treinando os ouvidos e entendendo alguma coisa. Aprendi com isso que, não importa quem está falando, se quem está escutando não entende nada! Muito importante essa segunda lição!

A última lição aconteceu quando eu já era uma acadêmica de Direito. Já cursava o último ano do curso e estava fazendo o estágio supervisionado que consistia em assistir audiências e sessões de julgamento nos Tribunais Superiores. Um dia fui assistir a um julgamento no Tribunal Superior do Trabalho e adivinhem o que aconteceu? Eu não entendi absolutamente nada do que os Ministros estavam falando. Parecia que estavam falando em outro idioma. É bom esclarecer aqui que a matéria tratada em Tribunais Superiores é sempre de Direito, e, portanto, é preciso ter conhecimento técnico-jurídico para entender. Nesse dia aprendi que se você não tem conhecimento técnico sobre algo, é melhor nem escutar, pois, não vai entender nada. Portanto, estude e aprimore seus conhecimentos técnicos sempre, pois; isso vai fazer a diferença na sua profissão, seja ela qual for.  

Hoje eu entendo que por mais que eu estude sempre há mais alguma coisa a aprender. E que não basta escutar; é preciso saber ouvir e entender o que se ouve. Enfim, ouvir é bem mais que escutar.   

Sylvana Machado Ribeiro. 

segunda-feira, 16 de março de 2015

O Jogo da Justiça.


"QUEM ELEGEU A BUSCA NÃO PODE RECUSAR A TRAVESSIA"

GUIMARÃES ROSA




O Jogo da Justiça.

(em homenagem a Francisco e sua pequena Rafaela)

 Hoje escutei uma história muito interessante de um amigo advogado. Ele, advogado experiente, de família tradicional do Direito, sempre conversava sobre suas causas na Justiça com sua família. E sua filha pequena escutava aquilo, mas não entendia nada, devido a sua pouca idade. Certa vez ele estava levando-a para escola e de repente ela lhe perguntou: -Pai como é esse negócio de Justiça? Como funciona? Ele muito cuidadoso, pensou em como lhe explicar de forma simples para que ela entendesse. E como ela, apesar da pouca idade, já era uma torcedora apaixonada pelo flamengo e gostava muito de futebol, ele lhe respondeu: - Filha imagina uma partida de futebol entre o Flamengo e o Fluminense. A justiça é a mesma coisa. Na partida de futebol tem os jogadores que estão disputando o jogo, na justiça são as pessoas que estão disputando uma demanda, uma lide, enfim, um jogo. No futebol, tem o Juiz que é aquele homem de preto que acompanha o jogo e apita quando um jogador comete um erro. Na justiça, temos o Magistrado que faz a mesma coisa, apita quando uma das partes comete um erro. E ela perguntou?- E o promotor pai? O que faz um promotor?-O Promotor filha é aquele homem com a bandeirinha que fica observando a partida para mostrar ao juiz os erros dos jogadores. E os advogados pai? -Os advogados filha, são os jogadores que estão disputando o jogo. -Ah! Pai entendi, disse ela. Então, os advogados são as estrelas do jogo, né pai? E ele respondeu: - Isso mesmo filha! Você entendeu tudo! 

Sylvana Machado Ribeiro. Brasília, 27 de fevereiro de 2015.

domingo, 15 de março de 2015

Profissão: Mãe.

"Todas as pessoas querem deixar alguns vestígios para a posteridade. Deixar alguma marca. É a velha história do livro, do filho e da árvore, o trio que supostamente nos imortaliza. Filhos somem no mundo, árvores são cortadas, livros mofam em sebos. A única coisa que nos imortaliza - mesmo - é a memória de quem amou a gente."
Martha Medeiros. 



                                                     Profissão: Mãe.

Mãe deveria ser eterna, mas não é. Mãe não perde o emprego. Não tem direitos trabalhistas, verbas rescisórias, seguro-desemprego, nem FGTS. Mãe não faz vestibular. Não presta concurso.  Mãe não tem direitos, só obrigações. Mãe não tem salário, nem reconhecimento.  Mãe não tem sequer outra mãe para se queixar! Mãe não tem direito a ficar chateada. Não pode se sentir cansada. E ficar triste, nem pensar! Mãe não pode chorar. E tem que ter super-poderes. Tem que adivinhar o que o filho quer. Tem que saber o que é melhor para ele. E ainda tem que ter a fórmula mágica para nos ajudar sempre! Mãe sabe de todos os nossos segredos. Tem todas as soluções para nossos problemas.  Mãe sabe perdoar. Sabe amar. Sabe dar. Mãe sabe aconselhar e conciliar como ninguém. Mãe sabe julgar, com sabedoria. Mãe só não faz falta por que ela é inerente ao nosso estado latente de filho ingrato! Sem nossa mãe não somos nada. Sem ela sequer temos vida. Sem ela sequer sabemos o que somos ou o que podemos ser. Sem seus conselhos não temos a menor chance de deixarmos de ser filhos. E deixar de ser filho significa que estamos preparados para enfrentar a vida sem a nossa mãe. E quando ficamos maduros para enfrentar a vida é que precisamos ainda mais de nossa mãe. Por que sem ela não somos autênticos para admitir que por mais que cresçamos ainda temos uma criança dentro da gente que insiste em gritar: mãe me ajude, eu preciso de você. Eu te amo!    

Sylvana Machado Ribeiro. 

quarta-feira, 11 de março de 2015

A LISTA


E eu que sempre pensei em participar de alguma lista, nunca imaginei que logo essa me daria inveja. Sim por que não tem outro sentimento mais legítimo que esse: inveja, e da boa!E existe inveja da boa? Não seria um pleonasmo? Sim, porque toda inveja é da boa, por que se fosse da ruim, não seria inveja, seria menosprezo.  





Passamos a vida toda aprendendo que participar de uma lista é uma coisa boa. Desde nosso nascimento, até a maturidade, estamos sempre participando ou querendo participar de alguma lista. Não interessa qual, mas se tivermos em uma lista significa alguma vitória. Então, aprendemos que estar em uma lista é sinal de ascensão social, profissional, satisfação pessoal e sucesso.

Quando nascemos queremos estar na lista dos normais, explico; daqueles bebês que não tem nenhum problema de saúde ou anomalia genética.

Na infância queremos estar na lista dos engraçadinhos, ou espertos. Mas essa é fácil, por que, todo pai conta as histórias dos filhos com orgulho e dizendo: - meu filho é tão especial... Nunca vi nenhum filho menos especial, pois, se é que existe, os pais não contam.

Já na adolescência queremos estar na lista dos inteligentes e talentosos. Essa é mais difícil por que não depende só da opinião dos pais. Temos que passar pela aprovação dos colegas e professores. E quando somos aprovados nos trabalhos extracurriculares do colégio para fazer parte do grupo de teatro ou de dança nos sentimos “os escolhidos”. E achamos que essa lista é a mais importante de nossas vidas. E não deixa de ser por que a adolescência é uma fase muito importante e complicada ao mesmo tempo. E fazer parte de qualquer lista nessa fase é realmente um mérito e uma benção! Mas, nem imaginamos o que vem por aí...

Daí chega à fase da preparação para a vida adulta. Temos que estudar muito para conseguir entrar na lista mais difícil de nossa vida: a do vestibular ou ENEM. É que essa lista realmente depende exclusivamente de nós. Fazemos de tudo para estar nessa lista. Desdobramos-nos de todas as formas para conseguir entrar para a faculdade. E mesmo que não tenhamos nenhuma vocação para um curso específico, não importa, o que realmente queremos é estar na lista dos aprovados. Depois pensamos no que vamos fazer da vida. E finalmente conseguimos!

Já na faculdade começamos a enxergar que nem toda lista é importante. Por que descobrimos que estar na lista nem sempre é sinal de merecimento. Começamos a enxergar que a vida não é do jeito que pensávamos e colocamos em dúvida tudo o que aprendemos até então. Percebemos, pela primeira vez, que nem toda lista é verdadeira. E que para estar na lista às vezes depende mais dos outros do que de nós mesmos. É uma fase de descobertas.

Já na fase adulta, quando temos que lutar pela nossa sobrevivência, percebemos que todo nosso esforço pessoal pode nunca ser reconhecido se não estivermos em uma lista. Essa é a fase mais difícil por que essa é a confirmação de que valeu a pena todo nosso esforço na vida estudantil. E que realmente merecemos estar em alguma lista: dos empregados, dos concursados, dos autônomos, dos empresários, dos políticos, enfim, dos bem sucedidos! Nessa fase a única lista que não nos interessa é a dos fracassados.

O fato é que durante nossa preparação para a vida não nos ensinam sobre a relatividade das listas. E que para estar em qualquer lista, seja dos bem sucedidos ou dos fracassados, não depende somente de nós. E que, às vezes, estar em uma lista ou em outra, depende mais de fatores externos, que oscilam com a ocasião, do que do nosso sucesso ou fracasso. E que para estar em uma lista de derrotados a culpa é só nossa. Mas, para estar em uma lista de vitoriosos, o mérito é de todos; ainda que se prove o contrário.     

E durante nossa vida ninguém nos ensina que às vezes estar em uma lista pode ser nossa maior glória ou nossa pior derrota. E que estar na lista nem sempre é sinônimo de vitória ou de merecimento. E que a lista dos aprovados de hoje pode ser a dos fracassados de amanhã. Ou que a lista dos escolhidos de hoje pode ser a dos condenados de amanhã. E que o mais importante não é estar na lista e sim merecer estar, apesar de não estar. Por que nem sempre mérito significa merecimento. E que o sucesso de hoje pode nos levar ao fracasso de amanhã. E que nem tudo que reluz é ouro... pode ser ferro, algemas, xadrez, condenação ou livramento. E que com a mesma medida que você julga ser importante estar em uma lista, você pode ser julgado por estar ou por não estar. E que nem toda lista é “A Lista”.      

Sylvana Machado Ribeiro.



segunda-feira, 9 de março de 2015

Roberto Carlos. O Rei e Eu.

O Rei e Eu. 

(Em homenagem ao Rei Roberto Carlos)

São tantas emoções... 
E é claro que não preciso dizer quem é o Rei. Ele é único, inigualável, apaixonante e supersticioso. E para fã como eu, nenhum sacrifício é demais. Eu faria qualquer coisa para assistir ao Show dele em Brasília. São tantas diversões...

E fiz. Preparei-me por meses para ir ao Show. E ainda fiz uma linda homenagem para ele. Como eu estava na fase de escrever acrósticos, pensei: vou fazer um acróstico para ele usando alguns trechos de suas músicas. São tantas intenções...

Fiz, coloquei em um quadro com moldura, embrulhei para presente e guardei. Assim, quando ele abrisse seria a maior surpresa de sua vida! Seria; mas não foi. E eu só fui descobrir o motivo alguns meses depois. São tantas frustrações...  

No dia do Show fomos várias mulheres da família, felizes da vida, para assistir ao Rei Roberto Carlos. Algumas vieram de Goiânia só para o Show. E valeu a pena. Eu chorei do começo ao fim. São tantas emoções... 

É que o Show dele é maravilhoso mesmo. E não tem como explicar. Só assistindo para saber, para sentir, enfim, para se emocionar. São tantas ilusões...  

Antes de começar o Show pedi para uma prima entregar o presente para os seguranças que estavam perto do palco. E ela se despencou lá de cima do camarote para entregar a encomenda. Os seguranças que receberam o embrulho lhe garantiram que todos os presentes de fãs são entregues diretamente para ele. É lógico que passa pela assessoria dele antes, para averiguação do conteúdo, por motivo de segurança. Mas, que chega até ele, chega! São tantas precauções...  

Eu fiquei super feliz. E já imaginava minha homenagem sendo lida por ele, antes do Show, e ele ficando tão feliz que até me chamaria ao palco para me agradecer pessoalmente! Que imaginação! São tantas pretensões... 

Naquela noite eu nem dormi direito só de pensar como seria a reação dele ao ler meu acróstico. São tantas desilusões...

Passado alguns meses do Show, e sem receber nenhuma carta ou email de agradecimento do Rei, eu já me sentia a última das poetizas. E eu já tinha me conformado com o fato dele não ter gostado da minha singela homenagem. Afinal, ele é o Rei, e Rei pode tudo, certo? Errado. Ele não leu! E se não leu, não pode ter gostado ou desgostado. Ele, simplesmente, não leu! São tantas decepções...   

E eu só descobri isso alguns meses depois.  É que eu estava no salão de beleza, cortando meu cabelo, quando li em uma revista de fofoca, que Roberto Carlos não gosta da cor marrom! E como ele é supersticioso, abomina qualquer coisa que tenha essa cor. Seja o que for, de roupas às obras de arte, qualquer coisa, ele nem chega perto... Manda jogar fora de imediato! São tantas superstições...

Assim, acabou o mistério: ele não recebeu o quadro. Ele não leu. A assessoria dele abriu, viu que o quadro era marrom e jogou fora. Simples assim! Resultado: aprendi que fã que se preze deve saber tudo sobre seu ídolo, sob pena de nunca poder homenageá-lo. São tantas lições...  

Enfim, já que ele não leu e talvez nunca queira ler, resolvi publicá-lo aqui no meu Blog de crônicas para conhecimento de todos. Quem sabe alguém não mostre para ele um dia. São tantas intenções, são tantas recordações, são tantas emoções...
                          
                  Sylvana Machado Ribeiro.


Então, aí vai meu acróstico para Roberto Carlos:

R aras vezes vivemos momentos lindos,
O lhando você encontramos amor verdadeiro.
B oas lembranças de pessoas queridas,
E ternizadas em suas canções, divinamente!
R ei brasileiro da música romântica,
T em sempre respostas em forma de poesia.
O uvindo você elevamos a nossa alma!

C omo podemos agradecer, “Do fundo do coração”?
A inda há tempo de dizer: “Amor maior não há”...
R esta-nos confirmar: “Como é grande o meu amor por você”.
L indas histórias cantadas com paixão,
O ntem, hoje, amanhã... em nossa memória ficarão.
S audade eterna reinará  em nosso coração!  

Sylvana Machado Ribeiro.


Brasília, 17 de maio de 2013.

sexta-feira, 6 de março de 2015

Troque os Shoppings pelas Igrejas.



Troque os shoppings pelas igrejas! Parece que esta frase não significa nada, mas, na verdade ela tem um significado fundamental na nossa eterna busca pela felicidade.

Trocar os shoppings pelas igrejas, significa trocar a importância que você dá as coisas, pelas pessoas, ou seja, dê mais valor ao que as pessoas são, pensam, sentem e fazem do que ao que você compra. As coisas não têm esse valor todo que o seu talão de cheques dá. As coisas não conversam com você quando você está triste, não te dão conselhos, não te escutam, não te elogiam, não te encorajam, não te dão um abraço apertado, um beijo carinhoso, não te fazem companhia nem nas horas tristes nem nas alegres, enfim, as coisas não te dão felicidade. Você pode comprar o que for que, um dia depois você já não se importa tanto como no dia em que adquiriu. Por que será? Por que as coisas não trazem nenhuma felicidade. Podem até dar uma certa alegria, mas, essa sensação é tão passageira que às vezes não vale o esforço da compra.

As pessoas sim podem até te decepcionar, às vezes, mas, sem elas não há vida e não há razão para se adquirir as coisas. Do que adianta comprar tantas coisas se não temos com quem compartilhar? As coisas existem para nos servir e não o inverso. É por isso que temos que dar mais valor às pessoas do que as coisas.

Medimos a felicidade pelo número de pessoas que conquistamos e amamos e não pela quantidade de coisas que compramos. E quem não consegue enxergar isso está precisando comprar uns óculos o mais rápido possível. E só quem entender isso é que consegue entender o verdadeiro significado da famosa frase do Pequeno Príncipe quando ele diz que: “somente se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.”

Faça de sua vida uma eterna conquista de pessoas e lembre-se que para se alcançar a tão almejada felicidade temos que colecionar pessoas e jamais coisas!

Sylvana Machado Ribeiro.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Estar perto não é estar próximo.




Estar perto não é estar próximo.

Com o tempo descobrimos que a distância não diminui a importância das pessoas em nossas vidas, pelo contrário, às vezes aumenta.

E que quando estamos ao lado de alguém não percebemos que estar próximo não significa estar ao lado fisicamente.

E que podemos estar perto mesmo estando bem distante.

E que proximidade tem mais a ver com sentimento do que distância física.

E que quando nos afastamos é que conseguimos enxergar que a distância emocional é muito pior que a distancia física.

E descobrimos que podemos estar ao lado e bem distante, como podemos estar longe e bem próximo.

E que muitas vezes a distância física só aumenta a vontade de estarmos ao lado de quem apesar da distância está muito mais próximo do que gostaríamos.

E que a distância física é fácil de resolver, mas a emocional pode-se não resolver nunca!

E que maturidade tem muito mais a ver com experiências vividas do que com tempo de vida.

E que não se pode medir a importância das pessoas em nossas vidas pelo tempo de convivência ou pelo espaço físico que nos une ou nos separa delas, mas sim pelo espaço emocional que elas ocupam em nosso coração.

Brasília, 08 de janeiro de 2015.


Sylvana Machado Ribeiro. 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

A Ilusão do Coração Partido


A Ilusão do Coração Partido

Hoje pensei em escrever algo sobre corações partidos. Porque eles se partem tanto e por quais motivos? E por que procuramos saber sempre o porquê ou por quem, se a tristeza é sempre igual: profunda e infinita? E por que achamos que o nosso sofrimento é sempre maior que o dos outros?

Sempre achei que o que diferencia as pessoas é a capacidade que elas têm de parar de chorar. Sim, por que motivo para chorar todos têm. Porque quando nosso coração é partido por alguém dói tanto que achamos que nunca vamos nos recuperar. Mas, a boa notícia é que sempre nos recuperamos.


E quanto mais cedo nos recuperarmos melhor para nós. Nada é para sempre e nenhum sofrimento é maior que o outro. Todo sofrimento é igual. O que diferencia um sofrimento do outro é seu titular. Quando o sofrimento é nosso tendemos a achar que o nosso é maior que o dos outros. Engano nosso: a única diferença é que o nosso podemos controlar, o dos outros não.

Uma vez eu estava sofrendo muito e não sabia como resolver um problema e fui conversar com uma prima muito querida e amiga, achando que ela iria resolver meu problema para mim. E ela me consolou, me orientou e me deu o melhor conselho que eu já ouvi até hoje na vida. Ela disse: ninguém vem te salvar! Você vai ter que fazer isso sozinha! Foi o melhor conselho que eu ouvi de alguém até hoje! E eu nunca me esqueci desse valioso conselho. E ela realmente tem razão, pois, nunca na minha vida, até hoje, alguém veio me salvar. E eu continuo vivendo, sem a ajuda de ninguém, e bem!     

Existe um filme que se chama “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” que conta a história de uma moça que termina o namoro e que procura um psicólogo que tem o poder de fazer apagar a pessoa amada da memória para sempre. É um filme de ficção que fala muito sobre como as pessoas deveriam agir para esquecer o amor do passado. Mas que na verdade ele mostra como as pessoas ainda acreditam na magia do amor. No final do filme a moça que não se lembrava do ex-namorado  acaba se envolvendo com ele de novo, por causa da memória afetiva que não foi apagada. Em outras palavras, ela se envolve de novo com o mesmo namorado, sem saber que o conhecia, por que ela tinha os mesmos padrões psicológicos no seu subconsciente. E o que era ficção se torna realidade. Por que na vida é assim: a gente sempre comete os mesmos erros e sempre procura o mesmo tipo de pessoas para se relacionar. Então, se é assim significa que não adianta chorar o amor perdido, por que ele vai se repetir com outra pessoa.

Então, não chore por muito tempo não por que, mais cedo ou mais tarde, você vai achar outro amor igualzinho. E a ficção se torna realidade!      

E essa repetição de padrão é muito romântica no filme, por que na realidade é uma burrice das grandes! Pois, se o padrão que se repete só causa sofrimento, então devemos mudar o padrão e corrigir os erros a fim de evoluirmos. E insistir no mesmo erro, na vida real, é pura perda de tempo! E o tempo urge meu amigo. Não temos tempo suficiente de repetir os mesmos erros... precisamos mudar.

E a mudança é muito difícil. Dá trabalho, causa stress, solidão, novas atitudes, coragem e o mais difícil: determinação. Precisamos ter mais determinação quando se fala em mudança. Ou seja, precisamos ter atitude. Querer mudar é fundamental e ter coragem é mais ainda. Não podemos ter novos resultados se não mudamos de atitude!

Por último, aqui vão dois conselhos para aqueles que acham que o seu sofrimento é maior que o dos outros e que não acaba nunca: ninguém vem te salvar e, quanto mais rápido você parar de chorar e começar a mudar, melhor! Por que viver é a arte de se recuperar das quedas e descobrir novas alternativas. Então, pare de chorar e faça alguma coisa útil, não para você, mas para aquele que está sofrendo mais que você. Por que sempre tem alguém sofrendo mais que você, basta olhar para os lados, para descobrir quem.  

Sylvana Machado Ribeiro.


Não sou um monstro, só não gosto de crianças.




Não gosto de criança, mas isso não me torna pior que os outros e muito menos um monstro. Mas verbalizar isso às vezes choca as pessoas, e o que é pior, te faz sentir o último dos seres humanos.

Você não gosta de criança?! Isso parece ser um crime contra a humanidade. Seria pior do que dizer que não gosto de carnaval, que, aliás, também não gosto. Mas isso não me faz ser péssima e sim um adulto de bom gosto apesar de um pouco desanimado. Já, não gostar de criança, e ainda verbalizar isso, te faz parecer um monstro. 

Estávamos na chácara de uma tia em comum para descansar e passar os dias do feriado de carnaval. Éramos doze adultos todos bem maduros e apenas uma criança de sete anos entre nós. O fato de não gostarmos de carnaval fez com que fôssemos nos encontrar para descansar e nos divertirmos um pouco fazendo outras coisas como ler, conversar, escutar música, tomar sol, banho de piscina, jogar conversa fora, enfim, cada um tinha a liberdade de fazer o que quisesse que não fosse trocar fraldas ou cuidar de crianças. Enfim, um final de semana bem divertido, pelo menos para nós. E sem maiores obrigações. Também tinha a turma dos que cozinham e dos que bebem, é claro. 

Eu até que para quem não gosta de criança fui uma tia- madrinha-babá por 17 anos bem participativa. É que tenho dois sobrinhos que adoro e sempre fui muito presente na vida deles. Para eles já fiz de tudo mesmo: de levar e buscar na escola, ajudar com os deveres de casa, ir a festas e ficar de olho como babá, jogar, nadar, assistir filmes e colocar pra dormir, dentre outras coisas. E não me arrependo de nada. Até por que eles são meu tesouro! Não tenho filhos, mas me realizei como tia e madrinha. E eles por sua vez sempre foram crianças nota dez! Sempre obedientes e educados. Nunca me deram o menor trabalho. Sou muito orgulhosa deles. Acho que fiz minha parte e já ajudei a criar os dois que agora são adolescentes. E por durante 17 anos sempre passei o feriado do carnaval com eles.

Mas dessa vez não. Pela primeira vez em 17 anos fui passar meu carnaval longe deles e com meus primos queridos. Estava super feliz e animada. E eu não bebo! Então, era um domingo de carnaval, e eu e mais duas primas resolvemos tomar banho de piscina enquanto esperávamos o almoço que o marido de uma delas estava fazendo para nós. Fazia uns dez anos que eu não ia pra fazenda e estava muito feliz e animada. Encontrar meus primos para mim é sempre uma festa. Nada podia dar errado. Daí pegamos uma caipirinha de vodca, um caldinho de feijão, e fomos pra piscina jogar conversa fora. 


Passado alguns minutos chega uma turma de outros primos com alguns amigos e seus respectivos filhos, todos menores de oito anos, e foram fazer um churrasco à beira da piscina. Até aí tudo bem... Mas, piscina, bebida, churrasco e criança são coisas que não se misturam. Pelo menos não pra mim por que eu não tenho filhos, não sou babá, e não gosto de criança! Mas, tem gente que acha que pode colocar o filho no mundo, que todo mundo tem a obrigação de ajudar a olhar! Não sei onde isso está escrito, mas no meu manual de etiqueta, cada um que olhe o seu. Colocou no mundo, então toma conta, certo? Errado: tem gente que acha que a humanidade é obrigada a gostar de criança e tomar conta das suas! Oh, gentinha folgada! E depois eu é que sou sem educação! Eu posso até ser muito sincera, ou talvez franca demais, mas não sou sem noção como esses pais que acham que todos têm que tomar conta de seus filhos! 

Bem, daí é claro que nesse contexto aconteceu o que eu estava esperando: um pai com um bebê de menos de um ano aproximou-se de nós e sem nenhum constrangimento perguntou: quem quer ficar com a pequena na piscina? Eu sem o menor pudor logo respondi: - olha, acho melhor não por que eu não gosto de criança! Na mesma hora minhas duas primas que já tinham comentado comigo que também não estavam dispostas a olhar crianças na piscina quase se afundaram de vergonha com a minha resposta. Foi um constrangimento geral. 

Agora eu me pergunto: é melhor ser sincera ou fingir e dar uma de boa moça e tomar conta da criança dos outros sem estar nem um pouco a fim? Sei não, acho que a humanidade não está preparada para receber não. Ou talvez para usar de sinceridade. Mas eu não. Se eu não gosto de criança não vou fingir e cuidar de criança dos outros pra eles terem uma “folguinha” no feriado e curtir um churrasquinho e uma “birita” por conta dos meus serviços de babá! Se eu gostasse de criança seria babá ou teria tido filhos! Então... a humanidade é que precisa aprender muito ainda. E não vai ser eu que vou ensinar. 

Enfim, não é que eu não goste de criança, na verdade não gosto mesmo é de pais folgados! E as crianças não têm culpa disso. Simples assim!


Sylvana Machado Ribeiro.